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Projeto Apoiadores: Cristiane, amorosidade e reconhecimento da equipe

Publicado em:
5 de setembro de 2018

cris perin 2A entrevistada de hoje é a Apoiadora Cristiane Perin da Cunha, de 36 Anos. Começamos contando a preocupação da Cris, como é carinhosamente chamada, em proporcionar nesta entrevista visibilidade a equipe da qual faz parte, ao pedir que fosse usada uma foto deles para ilustrar a matéria. Esta é a principal característica da Apoiadora, carinhosa, amorosa e dedicada aos colegas e ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Nascida em São Felix do Araguaia, é Farmacêutica formada pela Universidade de Cuiabá (Unic/2006) e possui Pós-Graduação em Saúde Pública – Análises Clínicas também pela Unic e Gestão em Saúde pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). É concursada no município de Alto Boa Vista desde 2008, onde atua na Assistência Farmacêutica Municipal. Cris é atuante na Comissão Intergestora Regional (CIR), na Comissão Intergestora Bipartite e na Comissão de Integração de Ensino e Serviço (Cies).

A Cristiane iniciou no Projeto Apoiadores em 2016, quando ainda era do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso (Cosems/MT) e da Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso (SES/MT). A Farmacêutica foi indicada por gestores de cinco municípios: Alto Boa Vista, Luciara, Novo Santo Antônio, São Félix do Araguaia e Serra Nova Dourada. Hoje é Apoiadora da Região Norte Araguaia Karajá.

Cris aponta que, mesmo não sabendo o real objetivo do projeto na época, aceitou, porque já fazia algo parecido na região. E até hoje a Apoiadora se pauta em reflexões do empoderamento de Ser Gestor e não do Estar Gestor. Sempre preocupada em orientar e fazer gestão com responsabilidade, ela se questiona: quem foi a região Norte Araguaia Karajá? Quem é hoje? O que eu fiz pela região? O que eu não fiz? O que eu pretendo fazer pela região? O que é fortalecimento regional.

Considerada uma defensora do SUS e crítica do Sistema, a Apoiadora carrega consigo, desde que se formou, três frases que são tripés e promessas em sua vida profissional e pessoal: “fazer o bem sem ver a quem”, “o que a mão direita faz a esquerda não precisa saber” e “faça e cuide das pessoas como gostaria de ser cuidado”. Para ela, cuidar das pessoas no momento de dor é algo divino, generoso e humanitário.

Confira a seguir a entrevista com essa mulher de personalidade forte, porém reflexiva e apta às mudanças, dedicada e companheira de quem necessitar.

Cosems: Como você avalia o Projeto Apoiadores?

Cristiane: Neste mesmo contexto, a minha opinião é que a região Norte Araguaia Karajá possui inúmeras fragilidades, mas vem com uma trajetória de fortalecimento e de superação, de construção, de questionamentos. Os anos têm sido de inúmeras mudanças no cenário da gestão, mas que permanece a ideia e atitudes de fortalecimento, considerando que agora os gestores não usam “estou gestor” e sim “sou gestor” e então se torna o protagonista de suas atitudes e ações nos serviços de saúde. Embora eu leve em consideração o termo usado por muitos deles “crucificação” e interferência política nos recursos da saúde.

Destaco o trabalho do Projeto Apoiadores Regionais e do Escritório Regional de Saúde desta região, que juntos buscamos subsídios para nortear ações, tornando-se o projeto concretizado e com efeito positivo no fortalecimento regional.  Diante do árduo papel como apoiadora do Cosems, que seja através de reuniões, encaminhamentos de materiais via e-mail, orientações via whatsapp e via telefone, promover informações qualificadas e em tempo hábil de fazer ou responder; também que os gestores de saúde estão sendo empoderados do seu real papel perante a sociedade e os clientes do SUS, sejam eles preocupados com o real cenário político de instabilidade de nosso país.

Comunicação via aplicativo de celular, que permite processo de escuta qualificada, de acolhimento das angústias que permeiam a gestão municipal e que nos impulsionam a recriar algumas formas de agir, inclusive a refletir com eles sobre a sua atuação como líder. Participação nas reuniões que efetivaram a implantação do Colegiado de Gestores Municipais (CGM)  como momento de muita importância, pois presenciamos os gestores municipais abrindo seu coração e fazendo relatos de sua trajetória no SUS, dos desafios enfrentados.

Percebemos que nossos gestores devem ser cuidados, que além do suporte técnico devemos proporcionar o cuidado, pois a carga de trabalho e cobrança é muito pesada. Trabalhar com os gestores e suas equipes, ajudar na construção das atividades, alguns demonstraram maior habilidade que outros, mas todos contribuem com seus saberes e vivências, isto foi a maior avaliação do projeto.

Cosems: E hoje? Além de apoiador, qual a sua função?

Cristiane: Farmacêutica Municipal e facilitadora em oficinas de instrumentos de planejamento e orçamento, humanização, sensibilização e para o fortalecimento dos conselhos municipais de saúde. Filha, irmã, mãe, esposa, amiga, companheira…

Cosems: Tem alguma particularidade a região que você atua?

Cristiane: Considerando as especificidades desta região (falta de pavimentação, distância da capital, vazio sanitário e etc) posso afirmar que somos sim parte da engrenagem denominada Sistema Único de Saúde, com o objetivo de atender ao mínimo necessário os direitos dos usuários dentre os princípios elencados na lei nº 8080 e dentro do decreto 7508 e outras também.

O propósito é o de intermediar e promover a cooperação técnica aos sistemas estaduais de saúde, a partir do envolvimento participativo e integrado de todas as áreas ministeriais, atuando assim como indutor de um reordenamento e qualificação na gestão do próprio Ministério da Saúde, pela necessidade de se estabelecer fluxos transversais de demandas e respostas integradas (BRASIL, 2012).

A região Norte Araguaia Karajá possui inúmeras fragilidades, mas vem com uma trajetória de “vale dos esquecidos”, que não aceitamos MAIS. O tempo agora é de fortalecimento, superação de construção, de questionamentos; de inúmeras mudanças no cenário da gestão, mas que permanece a ideia e atitudes de fortalecimento. Diante disso, que neste momento nos tornamos muito além de apoio técnico, o estreitamento de laços e neutralidade de seres humanos (porque gestores são humanos), de angústias, de choro, momento este que me sinto apoiando o “ser humano”.

Numa reflexão no mesmo momento em que retomo o pensamento para o sofrimento interno das pessoas que estão envolvidas também na gestão da saúde, a reflexão é a percepção que é preciso enfrentar uma grande guerra de muitas batalhas para defender os direitos mínimos de saúde. “juntos somos mais fortes!!”

Cosems: O que mudou desde quando entrou no apoio?

Cristiane: O protagonismo da região nos espaços colegiados! Utilizar e rever minha experiência do lado educadora afim de promover oficinas práticas e dinâmicas para a troca de conhecimentos e estudo conjunto; um trabalho diário, seja no contato diário com os gestores e suas equipes municipais na divulgação de informações, portarias, demandas, seja nos momentos de articulação e participação nas reuniões de CIR E CGM, CIB e outras oficinas sempre considerando a troca de saberes e alinhamento de condutas que favoreçam a região que tem “aparecido por isso, tem sido vista”; que ”levantar a cabeça porque senão a coroa cai” tem sido nosso lema.

Cosems: Quais os principais desafios do Cosems e da saúde no estado, e sua região?

Cristiane: Ainda continuo no mesmo pensamento que Trabalhar com Educação Permanente em Saúde tem sido um grande desafio; Organização das redes; Garantir os direitos da saúde aos usuários; Ocupação dos espaços colegiados e respeito a eles.

Cosems: O que você espera para o futuro do Cosems e da saúde?

Cristiane: Que nossos desafios sejam sanados; Que o projeto seja efetivado; Acertar os dentes da engrenagem SUS: Ministérios da Saúde + SES + Secretarias Municipais de Saúde = Ações integradas e de qualidade, visando à saúde da população.

 

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