A 1° Semana de Prevenção ao Suicídio de Santa Cruz do Xingu começou da necessidade de se abordar o assunto, percebida pela então Coordenadora de Atenção Básica e autora do trabalho Juliana Santos. Atualmente Juliana é Gestora Municipal. O projeto teve início durante uma reunião de planejamento do Programa Saúde Escola (PSE), em que as Coordenadoras das escolas municipais e estaduais relataram tentativas de suicídio entre os alunos.
Devido à complexidade do assunto, foi observada pelos profissionais a necessidade de uma intervenção mais criteriosa, sendo decidida a realização de um evento que abordasse sobre suicídio de uma maneira objetiva e clara. Foi então que no mês de setembro foi celebrada a 1° Semana de Prevenção ao Suicídio, um trabalho realizado pela Secretaria de Saúde de Santa Cruz do Xingu em parceria com as demais secretarias, apoio das igrejas católicas e toda população.
A semana teve seis dias de duração, pois foram detectadas mais de seis tentativas de suicídio de adolescentes entre 12 e 17 anos em 2018. A programação foi a seguinte: 24/09- Cinema na Escola Santa Cruz; 25/09- Criação da Árvore da Vida; 26/09- Celebração Ecumênica Na Praça da Bíblia; 27/09- Confecção de cartazes e cata-ventos; 28/09- Caminhada em Valorização à Vida; 29/09- Cinema para toda a população. Também foi feito um acompanhamento individual e em grupo com todas as turmas da Escola Estadual. Foram desenvolvidas ações didáticas para a valorização pela vida, em contribuição a campanha brasileira de prevenção ao suicídio -Setembro Amarelo.
A Semana teve como objetivo conscientizar a população sobre o valor da vida. A temática suicídio envolve a atenção de multiprofissionais que possam atender e tratar dos riscos e das possibilidades de prevenção e posvenção. Como resultado da pesquisa, foram detectados inúmeros fatores que estão associados com o risco de suicídio, como a doença mental, o uso de drogas e álcool e fatores socioeconômicos. Circunstâncias externas, tais como eventos traumáticos de perda, separação, luto, falência financeira, podem desencadear o suicídio, porém não parece ser uma causa independente, significam uma crise individual de difícil elaboração.
Percebe-se então a importância do conhecimento sobre os fatores associados ao suicídio, para que seja possível o emprego de programas preventivos que atinjam o máximo de pessoas que apresentem os fatores de risco relatados visando à prevenção e a redução do número de tentativas de suicídio. O trabalho em grupo foi uma maneira utilizada pelos profissionais para ganhar a confiança dos adolescentes e conhecer um pouco a realidade de cada.
“Ao final da campanha, foi realizado um acompanhamento com um psicólogo e com isso tivemos a 100% de eficácia, não tivemos mais casos de tentativa de suicídio em nossas escolas. Isso mostra que, quanto maior o conhecimento acerca do tema depressão e dos riscos de suicídio, maiores as chances de prevenção. Este trabalho propôs-se a trazer informações relevantes sobre esta complexidade que o assunto merece”, aponta Juliana.
Abordar a temática do suicídio é algo complexo e que traz inúmeras reflexões. O tema promove o pensamento acerca do porquê ocorre aumento significativo desse tipo de agravo ao longo dos anos e o motivo que o leva a ser tratado com tanto pudor pela sociedade, mesmo caracterizando um problema de saúde pública. Tratar do assunto suicídio remete a situações que as pessoas não estão acostumadas a abordar, pois movimenta sentimentos que, na maioria das vezes, não é possível compreender. A tristeza que permeia o ato do suicídio surge a partir do momento em que as pessoas que estão ao redor do suicida sentem-se incapazes de perceber os sinais que o indivíduo emitia antes de atentar contra a própria vida. Tristeza essa que se traduz, muitas vezes, em revolta e busca de culpados.