Apresentaremos aqui os trabalhos que foram premiados durante o 1º Congresso de Secretarias Municipais de Saúde. Hoje o nosso Cosems/MT traz um pouquinho sobre a experiência “Parceiros Pra Valer: saúde e educação promovendo a cobertura vacinal em Paranaíta”, de autoria da Huellen Lima Brauwers e coautoria da Jeane de Souza Pinheiro e Amanda Caroline Soares Luqui Rodrigues.
APRESENTAÇÃO
Paranaíta, município localizado no extremo norte do Estado do Mato Grosso, possui uma população de 11.671 pessoas (Censo, 2022). O processo de trabalho realizado pelas equipes de saúde tem demonstrado ao longo do tempo o compromisso e a responsabilidade dos profissionais que desenvolvem ações voltadas para a promoção da saúde, ao mesmo tempo em que buscam fortalecer os laços com outros setores do serviço público para garantir os direitos dos usuários. O município vem aprimorando as ações voltadas para a Cobertura Vacinal (CV) há muitos anos. Uma das ações, que inicialmente foi tímida e recebeu reforços ao longo do tempo, foi a Verificação de Cadernetas de Vacinas nas Escolas, pois percebeu-se o potencial que a saúde e a educação juntas poderiam ter. O Programa Saúde na Escola propõe a verificação de cadernetas de vacinação nas escolas, porém, houve a necessidade de tornar o processo mais efetivo. Com o microplanejamento apresentado pelo Ministério da Saúde e pelo Estado do Mato Grosso, o município foi capaz de adotar um novo olhar para o desenvolvimento das etapas de planejamento, execução, monitoramento, supervisão e avaliação, garantindo assim a efetividade do programa.
OBJETIVOS
Realizar parcerias com a Secretaria de Educação para desenvolver estratégias eficazes para a garantia das coberturas vacinais. Realizar verificação de cadernetas de vacinas nas escolas de Paranaíta/MT em menores de 15 anos.
METODOLOGIA
Em agosto de 2023, as Secretarias de Saúde e Educação decidiram realizar a ação de Verificação de Cadernetas de Vacinas nas Escolas, parte integrante do Programa de Saúde na Escola. As equipes reuniram-se para discutir a ação a ser realizada dentro da escola, e ficou estabelecido que seria enviado um aviso aos pais solicitando as cópias das cadernetas ou extrato de vacinação para que as equipes de saúde pudessem avaliar os esquemas vacinais com maior atenção. Os professores foram designados para coletar as cópias de cada sala de aula, que foram então envelopadas, contendo identificação da sala, professor responsável, escola e lista de alunos matriculados. Posteriormente, as escolas organizaram os envelopes e os entregaram à Secretaria de Saúde, onde as equipes compostas por profissionais como Agentes Comunitários de Saúde e Enfermeiros realizaram a avaliação da situação vacinal. Este trabalho foi demorado e complexo, exigindo dos profissionais tempo e extrema concentração. Após as avaliações, os dados obtidos foram registrados em uma planilha do Excel, permitindo o monitoramento da situação vacinal por escola e por sala de aula. Para os alunos com vacinação em dia, foram entregues Certificados de Coragem e
Sabedoria, enquanto para os alunos que não entregaram ou estavam com vacinas em atraso, foi entregue uma Carta aos Pais contendo informações sobre a importância da imunização e as vacinas pendentes, com recomendações para procurar uma Unidade de Saúde para atualização.
RESULTADOS
Foram avaliadas pela equipe de técnicos da Secretaria de Saúde 2.252 cópias de cadernetas e/ou extratos de vacinação que foram entregues nas escolas, totalizando um percentual de entrega de 83,3%. Foram também encaminhados 375 nomes de alunos que não apresentaram cópias/extratos nas escolas de Ensino Fundamental. As identificadas como em atraso, foram emitidas aos responsáveis 612 cartas pela equipe da Secretaria de Saúde,
informando qual vacina era necessária atualizar e que deveria comparecer ao Posto de Saúde. Em termos de coberturas vacinais, alcançou-se alta coberturas no ano de 2023, sendo 103,57% na vacinação de rotina contra a poliomielite. Na vacina Tríplice Viral, primeira dose aos 12 meses de idade, o resultado obtido foi de 108,93% na rotina, seguidos de Pentavalente com 104,17%, Pneumo 10 com 95,24%, DTP – Reforço com 101,19%. Ainda, nas vacinas destinadas aos adolescentes, os resultados são surpreendentes, como a meta mínima estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações é de 80%, o alcance em HPV foi de 91,59% nas segundas doses e Meningocócica ACWY foi de 90,77%.
CONCLUSÕES
O trabalho desenvolvido pelas equipes de educação e saúde em Paranaíta permitiu um mapeamento concreto dentro das escolas, demonstrando que somente solicitar as cópias ou extratos de vacinação durante a matrícula pode não atingir o objetivo desejado. Embora isso motive alguns responsáveis a procurar atualizar as vacinas antes da entrega, nem todos estão sensibilizados com a importância dessa ação. Neste contexto, identificar as crianças com atraso nas vacinas de rotina, bem como aquelas que não entregaram a cópia da caderneta de vacinação, torna-se o verdadeiro canal de comunicação entre os profissionais de saúde, educação e os responsáveis, resultando na implementação de uma série de estratégias, tais como: busca ativa, procura espontânea dos responsáveis que receberam a Carta aos Pais, e ainda o empenho dos professores em manter os índices de cobertura vacinal em sua sala de aula. Todo professor que alcançou uma cobertura vacinal acima de 95% recebeu uma cesta de presentes. A parceria entre os setores tem sido amplamente utilizada pela gestão, sendo esta uma estratégia bem-sucedida que levou o município a
alcançar altos índices de cobertura vacinal na rotina no ano de 2023.
PALAVRAS-CHAVE
PSE, Microplanejamento, cobertura vacinal, escolas