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Projeto Apoiadores: Theodoro e a paixão pela saúde desde estudante

Publicado em:
18 de julho de 2018

A paixão pela saúde está refletida nas ações do entrevistado de hoje, Theodoro Carlos Magalhães Pinto, de 58 anos. Theodoro é formado em Enfermagem pela Universidade Cidade de São Paulo (1984) com habilitação em Obstetrícia pela mesma Instituição (1985). Além disso, possui Especialização em Gestão de Sistema e Serviços de Saúde, pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT – 2010/2011).

O Apoiador do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso (Cosems/MT) na Regional do Médio Araguaia teve seus primeiros contatos com a saúde pública no final dos anos 70 e início dos 80, quando participou do movimento estudantil e dos movimentos contra a ditadura.

Nesse turbilhão de acontecimentos, o Apoiador conheceu o “Movimento pela Reforma Sanitária” e daí por diante adotou a saúde pública como espaço de luta para construção de uma sociedade que seja melhor para todos e que cultue a paz. De lá para cá, Theodoro trabalhou por quase 10 anos na rede privada de hospitais em São Paulo como parteiro.

Já em Mato Grosso e na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), atuou e atua na Secretaria Municipal de Saúde de Água Boa em vários cargos e funções: Implantação, gerenciamento e coordenação do Programa Saúde da Família, do Programa de Apoio à Saúde Comunitária dos Assentamentos Rurais, do Programa de Combate à Hanseníase e Tuberculose (2001/2002); Secretário Municipal de Saúde (2002/2004); Coordenação dos Programas da Atenção Básica (2005/2007); Coordenação Geral de Saúde da SMS (2008/2010); Coordenação do Departamento de Vigilância Epidemiológica (2010/2012); Coordenação de Planejamento e Gestão (2013 até a presente data).

E não para por aí. Theodoro já atuou na docência relacionada à gestão em saúde no Departamento de Saúde Coletiva da UFMT, no Instituto de Estudos e Pesquisas de Mato Grosso (INEP) e na Escola de Saúde pública Dr. Agrícola Paes de Barros, em água Boa.

Theo, como é carinhosamente chamado pelos colegas da saúde, é o resumo de conhecimento e paixão pela saúde pública. Uma militância refletida em seu conhecimento e solidariedade. Confira a seguir a entrevista feita com o Apoiador Regional do Médio Araguaia Theodoro Pinto.

Cosems: Como você avalia o Projeto Apoiadores?

Theodoro: Vejo como uma ferramenta poderosa para a consolidação do SUS enquanto política pública, pois qualifica e instrumentaliza os gestores municipais e suas equipes para o exercício e a condução das ações que levam, em última análise, aos caminhos da consagração dos direitos individuais e coletivos prescritos na nossa constituição. E isso não é pouca coisa, é exercer e promover a cidadania, sem a qual jamais seremos os condutores do processo de transformação da sociedade, que é por si só libertador.

Cosems: Theo, você atuou no princípio no Projeto Rede de Apoio do SUS e agora retornou no Projeto Apoiadores. O que mudou desde que você entrou no apoio?

Theodoro: Muita coisa mudou, mas vale dizer que o Cosems, desde o início dos anos 2000, mantinha viva uma rede de apoiadores do SUS no interior do estado, muito embora sem recursos financeiros para manter a estrutura, logística, educação permanente, etc.. Essa estrutura era constituída de voluntários, militantes, que davam um suporte, também precarizado, às secretarias de saúde da região na qual ele estava inserido.

Com a implantação do Projeto atual, que conta com uma metodologia sofisticada no contexto da Educação Permanente, recursos, parcerias e consolidação nas 16 regionais de saúde, o resultado tem sido fantástico. Houve uma revigoração da gestão municipal, sobretudo do enfrentamento no espaço político de discussão e tomada de decisões, assumindo o protagonismo do processo. E para isso, foi fundamental a instituição do Colegiado de Gestores Municipais (CGM), pois proporcionou um espaço de ensino-aprendizado pra todos nós e vem fortalecendo a região com a prática da gestão solidária e a qualificação do debate principalmente nos espaços colegiados e em ambientes políticos administrativos das próprias prefeituras. Além de tantas outras melhorias no aspecto gerencial e assistencial propriamente dito.

Cosems: Quais os principais desafios do Cosems e da saúde no estado e sua região?

Theodoro: Acho que neste momento de tantas instabilidades e incertezas que o país e as políticas sociais passam, o maior desafio é manter esse projeto em plena atividade, até porque, pela sua própria natureza, ele vai se adaptando e se metamorfoseando conforme as condições que se apresentam, portanto o grande desafio é manter-se vivo. Já a saúde e o SUS como um todo, além de sofrer as consequências do momento político e econômico, sofre um ataque de cunho ideológico muito grande, que aliás sempre sofreu, mas nesses momentos de fragilidade institucional e polarização da sociedade o risco de se perder essa conquista, que é de longe, a maior política de inclusão social que o país já teve, é muito grande. Daí a necessidade de se fortalecer entidades como os Cosems, Conasems, Conass, Conselhos de Saúde, Instituições de Ensino, Abrasco, CEBS, Fiocruz, etc., pois são os espaços de resistência, articulação e ação para o enfrentamento.

Cosems: O que você espera do futuro do Cosems e da saúde?

Theodoro: Tudo depende do tmodelo de sociedade que queremos. O SUS está inserido dentro de um contexto civilizatório que coloca o cidadão, indivíduo e sociedade, como seu bem maior, cujo objeto é a sua integralidade. Se optarmos por um modelo de sociedade que se baseia nesse princípio, o SUS, mediante políticas sociais e econômicas, poderá garantir saúde a todos, conforme determina o artigo 196 da Constituição Federal de 1988. Caso contrário, se o modelo adotado privilegiar o mercado e a sociedade de consumo em detrimento das relações humanas, o SUS poderá desaparecer e junto com ele, o próprio conceito holístico de saúde, que será apenas mais uma mercadoria, produto de consumo a ser adquirido, variando em oferta e qualidade de acordo com o poder de compra de cada indivíduo.

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